Nuno Maia, diretor geral da AISET, destaca a importância portuária e afirma que é fundamental criar mais acessibilidades ferroviárias.
PORTUGAL tem, a nível internacional, poucas empresas que são competitivas face à concorrência. Essa realidade não é, no entanto, aplicável à nossa região onde, de acordo com o diretor geral da AISET – Associação de Indústria da Península de Setúbal, existe um conjunto vasto capaz de competir em todos os mercados e nos mais diversos setores.
Em declarações ao Semmais, o diretor geral da AISET, Nuno Maia, salientou que “a Península de Setúbal tem localização capital humano e infraestrutura de base para se tornar no mais robusto e sustentável território industrial português no século XXI”. Para que tal aconteça, frisou, é necessário exportar mais: “Hesitar não é preciso”.
Fazendo enquadramento da realidade portuguesa face ao que se constata no resto do mundo e, sobretudo, na Europa, o mesmo responsável, socorreu-se de um documento oficial relativo à competitividade na Europa e assinado e entregue à Comissão Europeia pelo ex presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi. Ó referido relatório diz que “sobre a competitividade da Europa no plano económico e tecnológico, as principais fragilidades da economia europeia, designadamente a falta de dimensão das empresas, a reduzida capacidade de inovação e a ausência de grandes empresas tecnológicas são suscetíveis de fazer disfunções de mercado”. “Portugal padece de todos estes males, possuindo muito poucas empresas internacionalmente competitivas”, afirmou.
Mesmo reconhecendo as fragilidades do grosso do tecido empresarial nacional Nuno Maia entende que “ainda assim o país conseguiu nos últimos dez anos fazer crescer as suas exportações, que atingiram no ano passado 7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), embora com uma forte componente de serviços, sobretudo do turismo”.
O responsável da AISET disse, no entanto, que é “importante reforçar substancialmente o valor alcançado, tanto em volume como em valor acrescentado”. “É fundamental para atingirmos, em 2030, os 65 por cento do PIB através das exportações. Trata-se de um patamar crítico para crescermos, gerarmos riqueza e mais coesão social”, acrescentou.
Apontando o foco para a realidade do distrito, Nuno Maia referiu que “a Península de Setúbal tem, felizmente, um conjunto vasto de empresas fortemente competitivas em mercados internacionais e em vários setores industriais, nomeadamente deste o setor automóvel à pasta de papel, da reparação naval à indústria química, beneficiando de uma situação logística impar com a proximidade do Porto de Setúbal”.
O mesmo responsável alertou, no entanto, que é necessário proceder a determinadas melhorias. Referindo-se às estruturas portuárias, frisou que é necessário criar “uma melhor acessibilidade ferroviária, criando ligações à rede nacional”. Trata-se, diz, de algo que está projetado e prometido há longos anos, de modo a atrair novos investimentos em áreas industriais como as energias renováveis relacionadas com a eólica flutuante, ao lítio ou ao hidrogénio verde, ao desmantelamento naval responsável(pretensão que vem sendo reclamada pela Lisnave) ou à farmacêutica.
In Jornal Semmais, 04 de Outubro de 2024
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