Conferência pretende analisar desafios do sector na economia internacional e quais os passos a dar a nível de financiamento

Unir as empresas com as autoridades públicas e com academia, para reflectir sobre o futuro, os passos a dar, os desígnios estratégicos e os modelos de desenvolvimento é o principal objectivo do 3.º Fórum Empresarial, que tem como ideia-chave definir o futuro industrial da Península de Setúbal. Quem o assegura é Nuno Maia, director-geral da AISET – Associação da Indústria da Península de Setúbal, que está a organizar este evento, que se realizará no Fórum Cultural de Alcochete e que incidirá em temas como ‘Os Desafios de Portugal na Economia Internacional’, a ‘Sustentabilidade e Descarbonização’ e o ‘Financiamento do Investimento na Indústria’.

Em declarações a O SETUBALENSE, Nuno Maia explica que nesta conferência, marcada para o próximo dia 10 de Outubro, vão estar vários oradores de referência. O primeiro a intervir é Augusto Mateus, um economista conhecedor da península, que já trabalhou para o concelho de Setúbal e ex-ministro da Economia, que irá fazer um quadro daquilo que são os grandes desafios de Portugal no contexto internacional.

Seguir-se-á uma intervenção do director-executivo da Ameno, Nuno Couceiro, que irá falar sobre os efeito do aumento da temperatura na produtividade.

Na 3.ª edição deste fórum vai-se estrear um debate, numa mesa-redonda, em que se vai abordar os mecanismos de financiamento existentes neste momento e que apoios e linhas de financiamento é que estão em aberto. Como é que até 2027 as empresas da região se preparam a nível de financiamento, o que é que existe, o que é que está no mercado e como é que as empresas se podem financiar, são estas algumas das questões que a AISET pretende esclarecer às empresas da região sadina.

Neste debate vão marcar presença o presidente da Comissão de Acompanhamento do PRR, Pedro Dominguinhos, o presidente do IAPMEI, Luís Guerreiro, a presidente da Agência para o Desenvolvimento e Coesão, Cláudia Joaquim e o presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento, Celeste Hagatong.

Após o período de almoço tomará a palavra a secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, com uma intervenção sobre as temáticas debatidas.

Outro dos nomes de peso neste fórum, já após a hora de almoço, é José Eduardo Martins, que vai abordar os grandes desafios da descarbonização e da sustentabilidade, uma vez que existe “uma grande mudança de paradigma, um conjunto novo de legislação directivas europeias, um conjunto de mecanismos jurídicos que vão fazer um autêntico tsunami legal e normativo”, sendo que “nem todas as empresas estão cientes do futuro”. Nuno Maia esclarece que estas empresas “não conhecem o contexto”, o que leva a AISET a levar a cabo esta “missão”, que passa por dar aos seus associados “uma perspectiva sobre aquilo que aí vem”.

No período da tarde apresenta-se um “trabalho importante”, com a criação de quatro mesas de trabalho, ou seja, grupos de trabalho com representantes das empresas em quatro temas: descarbonização e transição energética; transição digital; economia circular e capital humano.

Para Nuno Maia, estes temas são “determinantes do futuro que nos próximos 20/30 anos vão condicionar toda a industrialização da península”. “É com estes temas que, a partir de 2027, queremos que haja financiamento para a actividade industrial. Para aquilo que vier a ser a estratégia regional e o orçamento regional, queremos ter iniciativas nestas quatro áreas”. Nuno Maia esclarece que a AISET pretende juntar as empresas para fazer “um género de trabalho de casa” e “olhar e para descarbonização e transição energética”, discutindo o que é que as empresas precisam de fazer, quanto é que isso vai custar e que tipo de investimentos é que são necessários.

Estes quatro grupos de trabalho vão trabalhar durante duas horas nestes temas, sendo que depois Nuno Maia e Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), apresentam no final um resumo das conclusões dos grupos de trabalho.

Na sessão de encerramento vai estar presente o ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva. Nuno Maia confessa que, através desta presença é pretendido também que o governante oiça as preocupações das empresas, de modo a sensibilizar António Costa e Silva para a importância dos desafios que este sector irá enfrentar.

Organização prepara empresas para chegada dos fundos europeus

Com o 3.º Fórum Empresarial, a AISET pretende mostrar às empresas os caminhos que se colocam, ou seja, “começar a definir o futuro industrial da Península de Setúbal”. Nuno Maia explica a O SETUBALENSE que este é o plano da AISET porque os fundos europeus, a partir de 2027, “têm que ter uma estratégia”. A organização pretende ‘guiar’ as empresas para não se chegar a um certo ponto em quem se pode aceder aos fundos provenientes da criação da NUTS, mas as empresas não saberem ao certo o que fazer com eles.

“Temos de perceber mais ou menos, com magnitude, do dinheiro que precisamos e para onde é que queremos aplicar, onde é que é necessário que as empresas se alterem, porque aquilo que as empresas vão ser a partir de 2030 e 2040 é completamente diferente daquilo que são hoje”. Nuno Maia assegura que as mudanças profundas na indústria têm de ser pensadas com tempo, explicando que é necessário fazer esta reflexão em conjunto com as empresas.